Phan Thi Kim Phuc, a garota de 9 anos imortalizada em uma imagem ganhadora do Prêmio Pulitzer de 1973 e símbolo da Guerra do Vietnã, afirmou que também quer passar no Brasil sua mensagem de paz a pessoas que sofrem. Durante entrevista em Florianópolis, na manhã desta quinta-feira (11), Kim citou Deus diversas vezes e contou como superou o ódio que sentiu após ter seu corpo queimado após a explosão da bomba napalm e perder entes queridos. Embaixadora da Boa Vontade da Unesco pela Paz, a vietnamita, hoje com 49 anos, esteve na Capital catarinense esta semana para participar do VIII Congresso Brasileiro de Queimaduras.
Kim conta que passou por muito ódio e opressão após ter sido queimada na explosão. "Eu tinha dor física e emocional. Sentia-me oprimida, porque o governo me controlava. Quando olhava a imagem, parecia que aquilo tinha acontecido ontem. Dia e noite eu tinha de conviver com a dor e me perguntava 'por que eu?', 'por que eu não morri naquele momento?'".
A vietnamita conta que, na juventude, foi proibida pelo governo de estudar. Então, ia para a biblioteca de sua cidade ler e buscar apoio na religião. "Esse foi o ponto de virada", disse. "Antes, eu não tinha nenhuma esperança, liberdade. Só sentia ódio. Hoje, eu tenho tudo. Ainda sinto dor e tenho cicatrizes por todo o corpo. Mas, no meu coração, eu me sinto limpa".
A vida de Kim mudou no dia 8 de junho de 1972, quando o vilarejo em que vivia, Trang Bang, ao Norte de Saigon, capital do Vietnã, foi atacada pelo exército americano. Kim e sua família estavam escondidas em um templo e ela correu para fugir da explosão da bomba napalm, feita de gasolina e chumbo, que libera muito calor e causa queimaduras de terceiro grau. A garota foi fotografada por Nick Ut, da Associated Press, enquanto corria nua em uma rua, gritando por causa das queimaduras. O fotógrafo a levou para o hospital Barsky. Depois do episódio, Kim passou por diversos procedimentos cirúrgicos e a imagem virou símbolo da Guerra do Vietnã.
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